terça-feira, 24 de maio de 2011

A tal da cartilha

Agora que o ministro falo, nois pode fala do jeito que nois quise. É que o ministro intendeu que nois não fala errado, a gente só temo um jeito diferente de fala. Com esse tal caderninho aí que o ministro da educassão deu pra todo mundo niguem vai pode fala que a gente erramo. Agora tá mais faciu de passa nas prova do colegio, o difissil mermo vai se arruma um bom emprego.
                
Não, meu povo! Eu não desaprendi o bom e velho português, e muito menos estou escrevendo errado! No máximo, segundo a cartilha do MEC, vocês podem dizer que estou escrevendo de forma inadequada, afinal, se falarem que o que escrevi está errado, vou me sentir discriminado.
                
Ministro da Educação (?)
A última piada dos péssimos humoristas de Brasília veio em forma de cartilha. Em meio à confusão na Casa Civil, o ministro da educação decidiu criar a tal cartilha para que, daqui em diante, ninguém mais fale errado e o Palocci não seja mal interpretado se, em suas justificativas, falar de maneira inadequada. Acabando com o “certo” e o “errado”, o ministério da educação criou o novo mistério educacional, agora temos que saber quando o uso de nossa língua pátria está “adequado” ou “inadequado”. Consigo até ver o Fernando Haddad bradando feliz em seu gabinente: “Taí! Não queriam que ninguém mais errasse? Problema resolvido!”. E o pior, meu povo! O que não falta por aí são defensores da cartilha. Ó céus, ó vida!

Com a justificativa de diminuir a discriminação e de que, no seio da população carente, surge uma nova maneira de se falar, os politicamente corretos e os “corretamente” políticos defendem o uso da cartilha com falácias mais velhas que o Oscar Niemeyer.
                
Discriminatória é a própria cartilha, que ao aceitar os erros dos menos instruídos e chamar tal erro de apenas “inadequado”, faz com que essa parcela da população continue a não se qualificar, deixando-os à margem da sociedade e do mercado de trabalho.
                
Mais esdrúxulo ainda é dizer que há o surgimento de uma nova forma de se comunicar. Convenhamos, Sr. Ministro! Posso até dar o mole de pagar suas gordas contas, mas engolir essa é assumir a condição de mané. Longe de querer bancar o parnasiano, mas me diga como alguém que não consegue sequer conjugar corretamente um verbo, irá ter a capacidade de formar uma nova estrutura de comunicação! Aliás, a comunicação sempre irá existir, usada da forma correta ou não. O que devemos buscar é o uso correto e preciso dela, para que a informação desejada chegue ao interlocutor de forma eficiente, o que, obviamente, não ocorre na maneira inadequada de se comunicar dessa nova cartilha.
                
Enfim, não há como pessoas que vivem enclausuradas em ternos, carros luxuosos e condomínios fechados analisarem precisamente o que ocorre na vida da população de baixa renda. A sorte é que ainda há, nessa camada social, pessoas que prezam o bom português e não caem neste papo da cartilha.
                
Francamente, e ainda me perguntam porque não há mão de obra qualificada...

2 comentários:

  1. legalizando a burrice é mole acabar com o deficit educacional... vagabundo viaja nas soluções

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  2. Stag, meu figlio...
    vc é rabugento na escolha de filmes, na não-mistura de comida e com as asneiras dos seus coleguinhas de trabalho, mas dessa vez você disse uma coisa verdadeira. Na verdade, você costuma mandar muito bem em seus textos. Eles só pecisam ser menos amargurados, hihihi.

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